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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

FAMÍLIAS SEM-TETO OCUPAM ESCOLAS


Por: SEVERINO CARVALHO – REPÓRTER

Inauguradas em abril de 2012, unidades estavam  abandonadas.



Matriz do Camaragibe – Duas escolas construídas com recursos do Programa da Reconstrução, em Matriz do Camaragibe, a 78 km de Maceió, foram invadidas por famílias sem-teto. Inauguradas em 24 de abril do ano passado, as unidades, que custaram R$ 900 mil cada uma, nunca funcionaram e estavam abandonadas, em um terreno no Conjunto Cícero Cavalcante, periferia da cidade.

A invasão teve início por volta das 7 horas do último domingo. Ontem pela manhã, mais e mais famílias chegavam para ocupar as escolas de Ensino Fundamental Doutor José de Gusmão Lira e de Educação Infantil Doutora Luciana Cavalcante de Mello Sampaio. Elas traziam móveis e utensílios domésticos.

“Isso aqui estava abandonado, sem água e sem energia elétrica. Nós ocupamos e estamos zelando”, declarou Benedito da Silva Oliveira, da coordenação do Movimento Unidos pela Terra (MUPT). As fezes de animais espalhadas pelas áreas externas das duas escolas denunciam o abandono. Ontem, um rebanho bovino passeava, fagueiramente, pelas instalações da Escola de Ensino Fundamental Doutor José de Gusmão Lira.

Duas bombas d’água e diversas torneiras foram furtadas antes da chegada dos sem-teto às duas unidades de ensino. Cada escola possui seis salas de aula, com 30 metros quadrados cada uma. Em um desses espaços, está abrigado o jovem casal Wanderson Luiz, 17 anos, e Sicleide Gomes, 16. Ela carrega no colo a filha de sete meses e acalenta o sonho de um dia ter a casa própria. “Já moramos de aluguel e estávamos no quintal da casa de minha mãe. Ficamos sabendo da invasão e corremos para cá. Eu sou menor, não tenho emprego fixo e por isso não tenho condições de pagar aluguel”, justificou Wanderson. De acordo com Benedito, a maioria das famílias sem-teto que ocupa as escolas era beneficiada com o aluguel social pago
pela prefeitura.

Elas moravam em áreas de risco e foram removidas. “Acontece que a prefeitura, em janeiro, cortou o aluguel social e nós resolvemos ocupar isso aqui”, alegou. O coordenador MUPT denunciou ainda que as áreas públicas de expansão do Conjunto Cícero Cavalcante estão sendo
comercializadas e ocupadas por casas e empreendimentos privados, enquanto centenas de famílias aguardam a efetivação de programas de habitação popular.

 Atualizado em: 31/03/2013
 

Um comentário:

  1. COMO ANDA A EDUCAÇÃO DE MATRIZ DE CAMARAGIBE - AL !!!
    E A EDUCAÇÃO PÚBLICA DE QUALIDADE?
    No país onde a Educação é sucateada, professores mal pagos, consequentemente, o individualismo está no sangue, na alma, no coração daqueles que se dizem “representantes” dos anseios do povo, a maioria dos atuais políticos de poder.
    Não é novidade que larguem escolas inacabadas, com suas obras estáticas, como a prefeitura de Matriz de Camaragibe e o governo de Alagoas o fez e a Secretaria Municipal de Educação na sua gestão atual, parte alugando espaços com intenção de transformá-los em salas de aula para acomodar os alunos da Educação Infantil.
    Mesmo contando com esses alugueis, alunos continuam em excesso nas salas de aula improvisadas. De acordo com a Lei de Diretrizes de Bases - LDB/94, a Educação Infantil deve funcionar com no máximo 25 alunos por sala, mas nesse município, as turmas estão todas acima de 30 alunos.
    É claro que dessa forma a educação não funciona, mas as prefeitas/os e secretárias/os quando recebem o Sinteal – Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas, logo perguntam: “por que os professores estudam tanto e o IDEB está caindo?” A resposta está na cara, claríssima e as condições de trabalho?
    Esses governantes estão agindo com a cabeça lá pra trás, como escreveu Leo Heberman no seu livro “História da Riqueza do Homem” quando os donos do poder falavam, “dar educação à crianças pobres só iria prejudicar sua moral, a sua felicidade. Elas aprenderiam a desprezar sua sorte na vida, leriam folhetos sebiciosos e acabariam insolentes com seus superiores” e continuam pensando assim até hoje.
    E pasmem! Mesmo depois da “Operação Gabiru” onde esses governantes foram indiciados e presos, ainda hoje estudantes desmaiam e choram de fome nas escolas, por falta de merenda. Hoje um professor me abordou para dar essas informações.
    Vale salientar que segundo informações do Conselho Municipal do FUNDEB e a equipe técnica da Secretaria Municipal de Educação da gestão anterior, estavam fora de sala de aula 151 professoras/es, apenas recebendo seus salários.
    Segundo a Secretária Municipal de Educação, por coincidência, esposa do atual prefeito, continua faltando espaço físico e professores. E os professores que estavam fora de atividade? Sabemos que professor na sala, com a quantidade de alunos previstos por lei, gera verba para a Educação do Município.
    Por que será que esas/es professoras/es que estão há muito tempo fora da sala de aula (só recebendo em casa ou em outros estados) não atendem o chamado da Secretaria de Educação para suprir a carência do município?
    As duas escolas construídas com recursos do Programa da Reconstrução(recurso federal) que estão inacabadas, inclusive com parte da mobília já no município, foram invadidas pelas famílias do “Movimento Unido pela Terra”, que segundo o vereador Leunam “parte delas, morava em vilas, enquanto a prefeitura pagava-lhes o aluguel social”, por falta de implementação das Políticas Públicas.
    Segundo a representante do Sinteal no Conselho Estadual do Fundeb, Darcir Acioli, mesmo após encaminhamento de atas de reuniões e de ofícios, o governador não prestou contas da verba das construções de escolas, que são verbas do Governo Federal.
    A comunidade matrizense precisa acordar e fortalecer a luta contra os mal feitores, os políticos corruptos, como escreve o professor de Filosofia do SESI – São Paulo Rodrigo dos Santos Manzano:“não é possível continuar alienadas/os, desinteressadas/os, à margem da construção de nossa história política”.
    Educadoras/es de Matriz precisam dar a sua contribuição para a transformação da sociedade, porque segundo Aristóteles só se constrói uma organização social e política justa com a participação do cidadão e a prova disso é que enquanto o Governo Federal está enviando verbas para os municípios, Matriz falta escolas, elas são abandonadas pelos políticos, falta merenda escolar, falta até papel para as atividades de sala, enfim, falta condição de trabalho e de aprendizagem para os nossos estudantes.
    Que sociedade nós queremos ???

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