VELHAS RAPOSAS DECADENTES X OPOSIÇÃO IMATURA

UM BALANÇO DAS ELEIÇÕES 2010

Nas eleições quase gerais de 2010 o grande foco da oposição em Matriz de Camaragibe foi as próximas eleições de 2012. Por outro lado, para o grupo que vem controlando os destinos políticos do município há aproximadamente dezesseis anos, se tornou questão de vida ou morte a reeleição da deputada estadual Flávia Cavalcante.

As forças políticas que compõem a oposição se dividiram no apoio a várias candidaturas para o legislativo estadual, mesmo que todas não tenham sido vitoriosas, algumas se destacaram conseguindo votações expressivas, entre elas, a do deputado estadual Sexta Feira, Ronaldo Luz e Dino Filho, estes não conseguiram se eleger. Entre os vitoriosos estão Mauricio Tavares, Jeferson Morais, Jota Cavalcante, Sérgio Toledo e Marquinhos Madeira. Juntos somaram pouco mais de 5.000 mil votos entre os eleitores de Matriz de Camaragibe, contra 3.563 da deputada Flávia Cavalcante.

A correlação de forças da disputa para deputado federal não é um bom parâmetro para se comparar o capital político da oposição x situação. Basta uma análise superficial para se perceber que os votos para deputado estadual e federal não foram alinhados e quem mais se beneficiou com a pulverização nos apoios pela oposição a vários candidatos a deputado federal, foi a filha do ex-prefeito de Matriz, reeleita deputada estadual com quase 50% de votos a mais que na eleição passada.

Outro quantitativo de eleitores que não pode ser desconsiderado em Matriz Camaragibe, são aqueles que deixaram de participar do pleito em 2010. Todos sabem que a abstenção é uma questão nacional, mas, nestas eleições, mesmo com feriadão e o desinteresse de muitos por política em nosso estado, ela atingiu pouco mais de 22% do eleitorado. Em Matriz este número chegou próximo dos 30% e, se somados aos votos brancos e nulos, ultrapassa 35% dos eleitores, ou seja, aproximadamente 6.000 pessoas deixaram de emitir sua opinião num momento importante para os destinos do estado e do município. Vale ressaltar, que nosso colégio eleitoral é composto por 17.159 eleitores.

Nas eleições majoritárias, evidencia-se ainda mais o desgaste da situação no município, pois, diferente do que aconteceu nas cidades com eleitorado abaixo de trinta mil eleitores onde a presidenta Dilma ganhou sempre com folga, em Matriz a candidata do presidente Lula foi derrotada no primeiro e no segundo turno devido ao desgastado apoio político da deputada, do pai e da prefeita do município. A impopularidade do grupo foi responsável por incluir Matriz de Camaragibe numa minoria de cidades deste porte que não festejaram o acontecimento mais importante das eleições 2010, que foi a eleição da primeira mulher presidenta da República do Brasil.

O fenômeno da abstenção se mantem principalmente no segundo turno. Na disputa para governador, por exemplo, independente da dificuldade para o diálogo, no segundo turno, com apenas duas opções, o número de eleitores que optaram por se abster aumentou ainda mais, pois, ficou incompreensível para o eleitorado ver o PT-Partido dos Trabalhadores, PDT de Mário Melo e o PMDB de Cícero e Flávia Cavalcante apoiando para governador Ronaldo Lessa (PDT) e Joaquim Brito (PT), mesmo que sendo contra Téo Villela (PSDB) e Nonô (DEM), que foram apoiados por todos que fazem oposição ao governo municipal em aliança com toda câmara de vereadores que dá sustentação política à Doda Cavalcante.

A forma como boa parte do eleitorado Matrizense se manifestou em outubro passado, mostra que ele esta atento ao modo como as lideranças se posicionam principalmente quando agem com oportunismo, deixando de lado os interesses do povo em benefício próprios. Também é público e notório a decadência do grupo político que detêm o poder atualmente em Matriz de Camaragibe.

Este quadro, além de mostrar as dificuldades das lideranças que fazem oposição em nosso município, revelou que uma fatia significativa do eleitorado não aceita mais a perpetuação do grupo que vem controlando o município, ao mesmo tempo, não se identifica com as alternativas propostas pelos opositores. A oposição, que não encontra o caminho do diálogo e da aliança, facilita assim a tarefa da situação que tem um número de eleitores ainda fiéis, porém, desestimula e deixa sem perspectiva aqueles que optam por se abster do processo, pois não conseguem acreditar nas propostas nem na possibilidade de vitória de um novo projeto. Mas, se a oposição não tiver competência para superar suas dificuldades diante do que foi vivenciado em 2010, as perspectivas para 2012 ainda são consideradas imprevisíveis.