Um espaço para discussão de Matriz de Camaragibe

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segunda-feira, 15 de março de 2010

As consequências da impunidade

”De 2007 até junho de 2009, em Alagoas ocorreram 4.832 assassinatos. Nunca se matou tanto em Alagoas.” O trecho com que abro essa nota é uma das manchetes da Folha Urbanitária, edição Nº 185, de 05 de março de 2010. Infelizmente, Matriz de Camaragibe não foge à regra e contribui de maneira lamentável com essas estatísticas.
No segundo final de semana do mês de março, posterior às comemorações do dia internacional da mulher, aconteceram dois casos de violência em Matriz de Camaragibe, que explicitam o descaso com a questão dos direitos humanos em relação às mulheres. No primeiro caso, dois membros da Guarda Municipal espancaram em praça pública uma jovem embriagada, só parando com a chegada da Polícia Militar ao local; o segundo caso, acabou em assassinato, o sobrinho matou o tio. Segundo comentários, o motivo que o levou a cometer o crime foi porque o falecido batia na mãe.
A brutalidade cometida pelos membros da Guarda Municipal com a mulher embriagada teve um desfecho imoral. A impunidade mais uma vez imperou. O padrinho dos que assim agem em nosso município, o atual Prefeito de “matriz do quitunde” mais uma vez abusou de sua autoridade e, depois de uma conversa com o delegado, afastou todas as possibilidades de apuração de responsabilidade, em relação ao caso. Todas as pessoas que acompanharam o fato, desde o primeiro momento em praça pública, até a chegada na delegacia, foram convidadas a retornarem às suas casas, garantindo assim a impunidade dos guardas que na pressão dos acontecimentos chegaram a confessar que eram reincidentes.
Quando a principal liderança política de uma região ou município usa sua autoridade para garantir a impunidade de agentes que, deveriam dar o exemplo de respeitar e se dar o respeito, diante da sociedade e não o fazem, podemos afirmar, com convicção que atitudes desta natureza estimulam outras. Em momentos de desespero ou não, induzem algumas pessoas à praticar arbitrariedades e até crimes, pois, sabem que pela troca do voto, vão ter sempre quem os proteja. Provavelmente, se a garantia da impunidade não reinasse em nosso município o “tiquinho” não teria sido assassinado pelo sobrinho, pois, se ele vinha cometendo algum delito caberia as autoridades agirem dentro da lei, visto que não se deve fazer justiça com as próprias mãos!
Penso que ninguém tem o direito de tirar a vida do outro. No entanto, a certeza da impunidade nos faz parecer que vivemos num regime onde existe a pena de morte. O que houve com a jovem naquele sábado a tarde era caso de saúde publica e não de policia! O papel da Guarda Municipal era levá-la ao hospital e não a delegacia. Se houvesse punição para os criminosos sem distinção, provavelmente, no domingo a noite o sobrinho não teria assassinado o tio. Agora isto é passado, mas, com a garantia da impunidade, inesperadamente pode acontecer com qualquer um de nós. Até quando vamos aceitar governantes cúmplices destas barbaridades?

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