Um espaço para discussão de Matriz de Camaragibe

PARA REFLETIR...

Somos o que fazemos, mas somos,
principalmente, o que fazemos para mudar o que somos. (Eduardo Galeano)


quarta-feira, 10 de abril de 2013

DUAS DÉCADAS PERDIDAS


Após cem dias do velho-novo governo do ex-prefeito Marquinhos e do vice Mário Melo, lamentamos constatar que essa gestão da forma que vai, até chegar ao fim desse mandato, consolidará os últimos vinte anos, como duas décadas perdidas, o que é deplorável para os mais de nove mil eleitores que não votaram neste projeto político.

A nomeação dos secretários em pastas estratégicas como educação e finanças foi criteriosamente nepotista. Deu o tom de estarmos diante de um governo concentrador e autoritário. A questão não se refere apenas ao fato de serem pessoas da intimidade familiar, mas sim pela falta da experiência comprovada para os postos que estão ocupando, pois é praticamente impossível se fazer um trabalho satisfatório sem as devidas qualificações para o cargo que se ocupa.

Aos cinquenta dias de mandato, duas escolas inauguradas de fachada, no aniversário da cidade pela gestão anterior, foram ocupadas por famílias sem-teto, pois estavam abandonadas. A solução encontrada pelo executivo municipal foi transferir o problema para o governo estadual, e em nenhum momento se ouviu um pronunciamento por parte da secretária de educação a respeito do abandono das escolas.

O autoritarismo fica mais evidente em um dos primeiros atos administrativo do prefeito que foi acabar o aluguel social. Isso mostra que, se por um lado ele não prioriza as questões sociais, por outro abandona a proteção do patrimônio público. Parece inspirar-se em Pilatos, lavando as mãos diante da situação dos sem-teto e dos alunos que aguardam na expectativa desde o ano passado  serem matriculados nas novas escolas.

Como se não bastasse, o início das aulas se deu sem a merenda escolar. Acreditamos ser ideal que os alunos não precisassem merendar nas escolas, mas isso ainda está longe de acontecer. Por isso, este tema deveria ser tratado por esse governo a pão de ló, visto que é larga a experiência do atual prefeito com o assunto.  

O desprezo pela cultura é outra questão marcante nestes cem dias de governo. A falta de investimento nas atividades culturais afeta diretamente a adolescentes e jovens, que infelizmente em nossa cidade estão vulneráveis ao tráfico de drogas e outras violências contra a juventude. O município não disponibiliza sequer um local para que grupos de teatro e dança possam ensaiar os trabalhos desenvolvidos por excelentes profissionais de artes cênicas. 

Outro fato lamentável é chegarmos ao quarto mês da gestão sem uma proposta concreta para os funcionários com relação ao último salário de 2012, que a ex-prefeita não pagou. A exceção se deu merecidamente com os aposentados, mas são fortes as reclamações entre eles, pois no acordo aviltante que parcelou a dívida do município em dez vezes há indícios de descumprimento.

Recentemente a imprensa noticiou que desde a interdição do matadouro à matança de animais para consumo humano vem acontecendo a céu aberto, em cinco pontos da cidade. Em um deles a reportagem fotografou restos dos animais abatidos. Por causa da matéria o ministério público abriu inquérito pelos riscos à saúde e ao meio ambiente, por aí dá pra se ter uma ideia de como vem sendo tratado os que necessitam da saúde pública em nosso município.

Ainda relacionado à saúde, merece atenção à proposta para solucionar o problema da falta de água nas comunidades Dom Bosco, FUSAL e Campanha. Depois de oito anos sem renovar a concessão dos serviços de água e saneamento com a Companhia de Saneamento de Alagoas - CASAL, o governo municipal aprovou a “toque de caixa”, a criação de uma autarquia que lhe dará o direito de prestar estes serviços nestas comunidades. Vale lembrar que existe no orçamento da união cerca de oito milhões disponíveis para que o executivo municipal possa viabilizar o início do projeto.    

Na contra mão de todos esses fatos veio o aumento exorbitante e autoritário de todas as taxas tributárias cobradas pelo município. Esta atitude demonstra a falta de sintonia e diálogo com a sociedade que só tem uma alternativa: pagar pelos aumentos nos impostos sem ver uma obra nova ser iniciada, muito menos, como serão empregados esses recursos.

Sem dialogar com a sociedade o executivo decreta o fim das reuniões com as categorias organizadas. O máximo que acontece é se protocolar um ofício, quando o encontro acorre é para se adiar a pauta em discussão por tempo indeterminado, numa demonstração de total desinteresse pelos funcionários e suas legítimas representações, atitude que traz a lembrança um filme já conhecido por todos.

Por tudo isso e torcendo para que o povo não pague pelos desmandos do grupo político que vem comandando o destino do nosso município e que contabilizará vinte anos ao final desta gestão, lastimavelmente, encerraremos um período marcado pelo final do século XX e início do século XXI, que entrará para história de Matriz de Camaragibe como duas décadas perdidas.           

Um comentário:

  1. REALMENTE,É LASTIMÁVEL A SITUAÇÃO QUE O NOSSO MUNICIPIO SE ENCONTRA.

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