Um espaço para discussão de Matriz de Camaragibe

PARA REFLETIR...

Somos o que fazemos, mas somos,
principalmente, o que fazemos para mudar o que somos. (Eduardo Galeano)


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

ELEIÇÕES PARA O CONSELHO TUTELAR

Ao contrário do que muitos imaginavam, o novo método de votar não modificou em nada a conformação anterior do Conselho Tutelar de Matriz de Camaragibe. A única novidade no resultado final foi a eleição da sobrinha do chefe da Guarda Municipal que, diga-se de passagem, em parceria com a Polícia Militar, a Guarda Municipal fez um excelente trabalho contribuindo com a ordem dos trabalhos da comissão eleitoral e da promotoria durante o processo eleitoral.

Na primeira eleição para o Conselho Tutelar em Matriz de Camaragibe, o processo de escolha dos candidatos foi através do voto indireto. Os eleitores eram indicados em assembleias realizadas nas entidades da sociedade civil organizada. Posteriormente, houve um avanço na metodologia democratizando totalmente o modo de se eleger os representantes deste órgão colegiado, o voto passou a ser direto e cada eleitor podia votar em até cinco candidatos. Na eleição de 2007 a participação de mais de três mil e quinhentos eleitores e o registro de 18 candidatos confirmou a demonstração de cidadania e o belo exemplo democrático durante o processo eleitoral.

O modelo que ainda estava se consolidando, neste último pleito sofreu alterações, a mais significativa delas foi à redução na possibilidade de cada eleitor, que ao invés de cinco candidatos, votou em apenas um. As mudanças geraram algumas expectativas, porém, o mais importante é que isso não comprometeu o espírito de luta em defesa das conquistas da criança e do adolescente e, se algumas providências não forem tomadas, estaremos correndo esse risco.

Alguns achavam que tirar dos eleitores a opção de votar em mais de um candidato, poderia provocar uma renovação de até 100% das vagas. Outros que o número de votantes podia ser baixo e, tinham aqueles que apostavam no desinteresse na disputa pelas vagas, propiciando um número mínimo de candidatos. Esta última hipótese se confirmou, pois, além de só se registrarem dez candidatos, apenas o candidato Cleiton era um nome novo, os outros cinco candidatos mais os quatro concorrentes à reeleição são figuras conhecidas de eleições passadas.

A hipótese de renovação caiu por terra, pois, todos que pleitearam a reeleição foram vitoriosos e a única vaga possível de ser renovada foi conquistada pela nossa colega Nei que já foi conselheira eleita pelo voto direto no modelo anterior. A falta de candidatos favoreceu aos que estão em atividade. É salutar para o processo de renovação e de formação o estímulo as novas candidaturas, os números mostram isso, pois, os quatro candidatos que pleitearam a reeleição obtiveram aproximadamente 62% dos votos válidos, portanto, quanto menor o numero de candidatos maior facilidade dos que estão atuando se articularem politicamente.

É preciso atentar para o fato de que um conselheiro só pode desempenhar dois mandatos, não podendo se eleger por três vezes consecutivas. Sendo assim, no próximo pleito obrigatoriamente haverá uma mudança de 80% dos membros do nosso Conselho, podendo acontecer uma renovação de até 100%. Na disputa deste ano ficou evidente o potencial político de cada grupo para estimular os eleitores a ir votar, em contra partida, é importante que as comissões organizadoras e a promotoria promovam oportunidades de capacitação e ações que estimulem um maior número de pessoas a se candidatar, caso contrário, poderemos de uma gestão para outra eleger um colegiado inteiro de conselheiros inexperientes e colocar em maus lençóis a missão do Conselho Tutelar, que não pode vacilar no diagnóstico da problemática da criança e do adolescente, apurar denúncias e cobrar das autoridades competentes as providências. Para isso, além do apoio da sociedade é necessário o empenho e o compromisso dos que pautam sua luta na defesa dos direitos e de uma melhor qualidade de vida da criança e do adolescente.

Parabenizamos a sociedade de Matriz de Camaragibe por mais essa demonstração de cidadania, aos candidatos eleitos para o Conselho Tutelar pela vitória e aos suplentes que tiveram atuação importante na valorização do processo eleitoral no dia 30 de janeiro passado.


Vaja abaixo o resultado da eleição:


Colocação        Nº de votos               Candidato (a)


     1º                   440                     Gerimauro - Tilular eleito
     2º                   349                     Linda - Titular eleita
     3º                   348                    CLAUDINHA - Titular eleita
     4º                   270                    Ildo - Titular eleito
     5º                   245                    Nei - Titular eleita
     6º                   199                    Genildo - suplente
     7º                   166                    Jô - suplente
     8º                   103                    Jaqueline - suplente
     9º                   103                    Cleiton - suplente
   10º                     66                    Quédimo - suplente

3 comentários:

  1. Participei de quatro eleições (escolhas) de Conselheiros Tutelares... As duas primeiras como candidato, uma preocupado com a formação de novos nomes para a disputa e a última a que este arquivo trata, como um apoiador da reeleição de Claudinha.
    Entendo que essa foi barbada, levando-se em conta que a menina tava como o Raio da Silibrina... Rsrsr, e o mais importante: Com credenciais de competência pelo seu trabalho desenvolvido ao longo de seu primeiro mandato e sua trajetória política e social no trato com as crianças, adolescentes e juventude de Matriz de Camaragibe... Orgulhosamente... PARABÉNS CLAUDINHA...

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  2. Comentamos os comentários e... Achei interessante...


    Leituras e leituras


    Ler melhora as pessoas? Há quem não dê garantia absoluta. A filósofa alemã Hannah Arendt já disse (A Vida do Espírito) que leitores refinados estiveram no comando de muitos campos de concentração nazistas. O argentino Alberto Manguel lembra, nesta edição, do professor que o instigou a ser escritor, mas se revelou um dedo-duro da ditadura argentina. Ler é uma possibilidade de abertura às experiências que ainda não vivemos na pele. Em si, nem sempre nos melhora. Pois o que faremos com ela é da nossa alçada.
    Hoje já sabe que não há leitura “certa” ou “errada”, há gradações. Um texto pode ganhar significações nem sempre previstas pelo autor. Pois circula, é lido em contextos e épocas distintos. Já é hegemônica (está nos Parâmetros Curriculares, de 1998) a idéia da leitura como fruição e do leitor como construtor de sentidos do texto. A leitura pressupõe cruzamento de saberes e experiências do leitor com os saberes propostos pelo texto, como disse Ingedore Koch, da Unicamp, nesta. Todo texto traz coisas implícitas.
    Como se chega ao que está oculto nele? Ligando o que está no texto ao nosso saber prévio, diz Ingedore. O leitor com pouco conhecimento fará leitura mais rasa. Se sua experiência de vida e de leitura for maior, mais fundo ele chega. O drama atual é levar essa noção a suas conseqüências: as ações cotidianas devem realizar na prática a idéia de leitura como interação – ler para entender o mundo, não a intenção de um autor. Muita gente admite que o leitor não é um ser isolado do mundo. Elogia a leitura que enfatiza a fruição. Mas, no vamovê, limita-se a exigir do leitor o projeto de escrita proposto pelo autor. Ou tenta controlar o que ele lê.
    Esta edição é um modesto painel sobre a leitura, ato solitário que requer concentração, feita hoje numa sociedade da distração, em que a irreflexão e a precipitação de juízos dominam. Parar para pensar e para ler dá trabalho (Platão: pensar é o diálogo silencioso de si consigo mesmo). Ler pode nos melhorar, mas antes exige esforço de querer parar para pensar. Esforço genuíno de liberdade.
    Luiz Costa Pereira Junior, editor (Revista Língua) – Edição de janeiro de 2011.

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  3. Claudinha, você é "um achado" no Conselho Tutelar". Parabéns pelos votos que lhe garantiram continuar na luta pelos direitos da criança e do Adolescente, fruto do seu competente trabalho prestado a Matriz de Camaragibe, também através do Conselho Tutelar, no primeiro mandato. Fico feliz de ter participado de mais essa vitória da criança e do adolescente de Matriz de Camaragibe, mas como uma das fundadoras do primeiro Conselho Municipal e o primeiro Conselho Tutelar desta cidade, continuo acompanhando esses conselhos. Ainda me preocupa muito a falta de apoio de reconhecimento aos conselheiros tutelares de Matriz, por parte do gestores municipaais. Pois se sabe que o Conselho Tutelar é vinculado ao gabinete do prefeito (a) e ainda não se regulamentou um piso salarial compatível com o trabalho a ser executado pelos conselheiros, ao contrário, não tem valorização para esse trabalho tão relevante. Essa situação determina quem se candidata e prova-se isso na forma da maioria dos candidatos acionarem a comunidade a votar: "vote no candidato X porque ele tem nível médio e não tem emprego", essa situação acima mensionada, impedem que as pessoas que têm experiência e conhecimento de causa, abram mão de seu emprego e se juntem aos candidatos para participarem desse processo democrático, sabendo que poderiam contribuir com a causa da Criança e do Adolescente, sem perda salarial. E analisando a forma e o resultado das eleições impostas à comunidade no último pleito, que também não deram opção aos eleitores (10 candidatos para 10 vagas), votar em um único candidato; percebe-se que precisamos preparar, valorizar, reconhecer e renovar os conselheiros. A criança precisa estar mesmo em primeiro lugar, para poder ser o futuro do país e para isso é necessário a implementação das políticas públicas no munícipio, para atender as menos favorecidas. Precisa-se despertar na sociedade, o interesse pelos direitos e qualidade de vida dessas crianças que abrimos a boca e dizemos que as amamos. É preciso erradicar a prostituição infanto juvenil, a droga, a violência contra os jovens e entre eles. Um desses dias, ouvi um professor indignado que dizia ter escutado de uma mãe: "não sei mais o que fazer com o meu filho, ele tem 12 anos, está perdido". Todos nós entendemos essa triste expressão. E daí, o professor me dizia "e aquela criança nasceu com 12 anos"? Que educação foi dada? Ou, se houve educação... O que a sociedade está oferecendo as nossas crianças? Adolescentes? Jovens? O que estamos fazendo, nós? Participamos da eleição dos conselheiros tutelares? Vamos acompanhá-los?
    Ana Gomes

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